"Não importa o que fizeram com você, o mais importante é o que você vai fazer com o que fizeram com você" Sartre

sexta-feira, 2 de setembro de 2011




Na Semana Pedagógica da EEB Antônio Milanez Neto, mais conhecida como EEBAMN, realizei uma vivência com os professores e funcionários intitulada: “O Humano por Trás do Educador”. Discorri sobre a construção dos ideais profissionais e pessoais do educador e a frustração decorrente da impossibilidade de atingir esses ideais, restando somente a aparência enganadora desses ideais. Por fim, a própria aparência não se sustenta, ao contrário, denuncia a divergência entre o que se representa e o real sentimento que se experimenta na vida. Dessa forma, passa a restar tão somente o campo real da existência que se esvazia de romantismos e fantasias. Isso não significa que na vida real algo de bonito não seja possível, significa que encontrar no campo do real algo de bonito é encontrar algo sobre o qual a vida pode se alicerçar.


O caminho percorrido vai da percepção de como os ideais se formam, ou seja, dos papeis que a cultura nos outorga e, do quanto, sem sabermos ao certo, vestimos a camisa desses papeis, fazendo mal a nós mesmos, até a destruição desses ideais que, na proposta da vivência, não pode destruir-nos como pessoas. A construção de um ideal inicia na observação da menina sobre a mãe e de tudo o que se deposita nesse papel; da responsabilidade do menino diante das tarefas do ser homem, da ilusão de que o educador mudaria o mundo, para ser direto.




O que não refletimos direito é essa tentativa de reproduzir os ideais, de persegui-los, como se pudéssemos alcançá-los. Essa reflexão quase que já espontânea traz consigo um problema, que é o sentimento de dívida para com o ideal. Em outras palavras, mães dedicadas sempre pensam que devem se dedicar mais, professores dedicados sempre se culpam quando o educando não aprende. Em algum momento passamos a desistir de perseguir esse ideal impossível e inatingível, mas por vergonha permanecemos fingindo acreditar neles, nesse momento o ideal cedeu lugar ao aparente, mas nunca ocorre de uma só vez, vai ruindo aos poucos e nos levando com ele.

 
O que é a aparência do ideal se não a consciência de que o ideal é inatingível. Porém, o aparente é a resistência necessária para não nos deixar ver o chão real e duro da existência. Nossa proposta esta em mostrar que a firmeza do real é o terreno mais apropriado para a vida se desenrolar sem grandes saltos e sem grandes quedas. O local em que se experimenta o mundo como ele é, sem a ilusão de como se quer acreditar ser. Nele podemos construir um projeto de vida, diferente do ideal que insiste em inventar fantasias.

Dessa forma, a vivência culmina na minha proposta clínica, que visa refletir sobre uma forma mais apropriada de existir no mundo, uma forma em que os reais desejos de um indivíduo se tornem seu projeto de vida, ou seja, que vivamos e venhamos a experimentar a vida a partir do que é nosso e não do que a cultura nos impõe a seguir. Que tenhamos propósitos que façam sentido para nossa prática e escolhas autenticas a cada passo

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